A verdade obscura por trás de cada vez que falas com o ChatGPT… e o planeta paga a fatura

Se achas que usar o ChatGPT é inofensivo, pensa duas vezes. Pode parecer apenas uma conversa inocente com um assistente virtual… mas na verdade, estás a contribuir para um impacto ambiental assustador — e ninguém te está a avisar disso.

A inteligência artificial que consome água… e muita

Desde o seu lançamento em 2022, o ChatGPT tornou-se numa ferramenta omnipresente: desde candidaturas a empregos, dúvidas existenciais, até às piadas para impressionar num primeiro encontro. Mas o que poucos sabem é o que realmente está por trás de cada “pergunta inocente”.

De acordo com vários relatórios recentes, cada 10 a 50 interações com o ChatGPT consomem o equivalente a meio litro de água potável. Sim, meio litro de água limpa por apenas alguns cliques. E não é só água…

A energia queimar-te-ia a carteira… e o planeta

Segundo a Forbes, o ChatGPT consome mais de meio milhão de kilowatts de eletricidade por dia. Isso equivale a alimentar 180.000 casas nos EUA — tudo isto para que possas pedir que a IA te escreva um email ou resolva um problema de matemática.

Só para manter o sistema operacional, estima-se que o custo diário ultrapasse meio milhão de euros, segundo o analista tecnológico Dylan Patel. Uma quantia absurda para manter o serviço de responder a perguntas que, há poucos anos, fazíamos ao Google… ou à nossa avó.

Sim, até dizer “obrigado” tem um custo ambiental

Brincadeiras à parte, até as palavras que usas com a IA — como um simples “obrigado” ou “por favor” — estão a somar ao consumo energético. Sam Altman, CEO da OpenAI, chegou a brincar no X (antigo Twitter) dizendo que a cortesia com IA poderia custar “milhões em despesas de processamento”.

Pode parecer um exagero… mas a verdade é que cada milissegundo de processamento custa energia, água e recursos reais.

Porque é que tanta água é necessária?

Para evitar que os servidores literalmente entrem em colapso com o calor gerado por milhões de interações, os centros de dados utilizam sistemas de arrefecimento à base de água potável.

Segundo David Craig, CEO da Iceotope (empresa especializada em refrigeração de data centers), a água usada precisa de ser de qualidade potável, porque qualquer impureza pode danificar os servidores. A água é evaporada para dissipar o calor, o que significa que é perdida definitivamente — não é reciclada.

Ou seja, a mesma água que podia estar a ser usada para dar de beber a pessoas em zonas em seca extrema, está a ser usada para evitar que um chatbot “ferva”.

E o futuro? Ainda mais negro

Se considerarmos que a Inteligência Artificial será cada vez mais integrada no nosso quotidiano, o impacto ambiental só vai aumentar.

A previsão da ONU é de que até 2050, dois terços da população mundial enfrentará escassez de água. E aqui estamos nós, a desperdiçar água limpa para que alguém em qualquer parte do mundo possa pedir à IA uma receita de lasanha ou um post engraçado para o Instagram.

“Então o que faço?”

Talvez seja altura de repensar. Da próxima vez que tiveres uma dúvida, pergunta ao teu professor. Ou à tua mãe. Ou ao teu melhor amigo. E se estiverem ocupados, bem… até o Reddit pode ser uma alternativa mais sustentável.

A resposta da OpenAI

Face às preocupações, um porta-voz da OpenAI disse à Forbes:

“A IA pode ser intensiva em energia, e por isso estamos constantemente a trabalhar para melhorar a eficiência. Consideramos cuidadosamente o melhor uso do nosso poder computacional e apoiamos os esforços dos nossos parceiros para atingir os seus objetivos de sustentabilidade.”

Mas até lá… cada conversa tem um custo oculto — e o planeta está a pagar a fatura.