Especialistas alertam: flexibilidade extrema dos dedos pode estar ligada a doenças sérias no corpo
Se és daquele tipo de pessoa que adora exibir os dedos a dobrar para trás de forma quase impossível — ou conheces alguém que o faz — talvez seja hora de prestar mais atenção ao que o corpo está realmente a tentar dizer.
O que muitos veem apenas como uma “habilidade engraçada” pode, na verdade, ser o prenúncio de um problema profundo… e potencialmente perigoso.
O que é a hipermobilidade e por que deve preocupar-te?
A capacidade de mover as articulações para além do que é considerado normal chama-se hipermobilidade articular. E embora não seja necessariamente sinal de uma doença por si só, pode ser um indicativo de que algo não está bem com os tecidos conjuntivos do corpo.
Dr. Taylor Goldberg, um quiroprático do Colorado, lançou o alerta: esta flexibilidade extrema pode estar associada a fraqueza dos tecidos conjuntivos, o que pode afetar zonas vitais como os pulmões e as vias respiratórias.
“Pode influenciar a mecânica da respiração e a estabilidade das vias aéreas.”, afirma o especialista.
Consequências? Desde asma até apneia do sono — e isso sem mencionar o impacto potencial noutros órgãos e estruturas do corpo.
Quando a flexibilidade se transforma num problema real
Segundo Jeannie Di Bon, especialista em hipermobilidade e Síndrome de Ehlers-Danlos (SED), ser hipermóvel nem sempre é um problema. Algumas pessoas são naturalmente mais flexíveis e vivem toda a vida sem sintomas.
Mas há um detalhe importante:
“A hipermobilidade pode tornar-se sintomática após um trauma ou de forma súbita.”
Ou seja, o que era apenas uma curiosidade física pode, de um dia para o outro, tornar-se um problema grave — com dores articulares, fadiga extrema, instabilidade corporal ou dificuldades respiratórias.
O que é a Síndrome de Ehlers-Danlos?
Um dos distúrbios mais associados à hipermobilidade é a Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) — uma doença genética rara que afeta os tecidos conjuntivos.
Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:
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Hiperlaxidão articular (mobilidade excessiva das articulações)
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Pele extremamente elástica e frágil
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Hematomas e cortes com facilidade
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Problemas nos vasos sanguíneos ou órgãos, nos casos mais graves
Em situações severas, a SED pode ser incapacitante e até fatal.
Como saber se estás em risco? O teste Beighton pode ajudar
A forma mais comum de avaliar a hipermobilidade chama-se Escala de Beighton, uma pontuação de 0 a 9 baseada numa série de movimentos articulares:
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Dobrar o dedo mindinho para além dos 90 graus
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Dobrar o polegar até tocar o antebraço
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Estender os cotovelos ou joelhos para além da posição neutra
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Colocar as palmas das mãos no chão sem dobrar os joelhos
Se atingires uma pontuação elevada, especialmente acompanhada de sintomas como dores articulares, fadiga crónica ou dificuldade respiratória, o ideal é procurar um médico e investigar a possibilidade de um distúrbio dos tecidos conjuntivos.
O corpo dá sinais. Saber interpretá-los pode salvar vidas.
Em vez de desvalorizar a flexibilidade fora do comum como um truque engraçado, talvez seja hora de encará-la como um possível sinal de alerta.
A saúde começa na atenção aos pequenos detalhes — até mesmo na forma como dobramos os nossos dedos.